sábado, 12 de dezembro de 2009

O meu rafeiro no Mondioring


                                        Um cão destes é que eu preciso.

Confesso a minha ignorância, mas desconhecia completamente o termo (Mondioring) para designar a destreza e a fidelidade dos cães. Apesar da idade, a única acrobacia que lhes vi fazer foi levantar a pata traseira para urinar contra a parede. Exceptuando o cão do Custódio Caixinha que sorrateiramente surripiava toucinho na venda do Zuca, e conseguia equilibrá-lo na boca (sem o comer) até chegar a casa (que não era nada perto).

Apesar de eu discordar, a minha neta insiste em levar o rafeiro à prova. Um dia apareceu-me à porta, perdido, escanzelado, e esfomeado. Eu dou-lhe de comida, ela faz-lhe carícias. 

Pressinto o que ambos querem é protagonismo e dar nas vistas. Diz-me que tem ensaiado uns truques, e vai provar-me que o cachorro tem valor. Porque eu subestimo-o, e  de vez em quando dou-lhe um “chega para lá”. Procuro desmotiva-la e digo-lhe que aquilo é para cães de elite, bem treinados e preparados. É um inútil e mal agradecido, rosna a quem lhe dá comida e abana o rabo a desconhecidos.

As habilidades que lhe conheço são, dormir e lamber-me os pés quando tem fome. Por muita vontade que tenha, e entusiasmada que esteja, o que ela desconhece é que, quem nasce rafeiro, morre rafeiro. Porém, apesar dos meus argumentos assertivos e demolidores, amanhã lá vão de baraço dado para a prova. Sorte a minha. Tenho uma neta teimosa, e um cão… burro.

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