segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pechão: dos primeiros anos da ditadura ao 25 de Abril

Leandro Carromba

José Espanha e Francisco Guerreiro 1933

1934 – João da Silva, José Espanha e Joaquim de Brito do Vale são admoestados pela polícia devido às suas ideias políticas.

1936 – João Silva, Francisco Guerreiro e José Espanha são ameaçados pelo Administrador do Concelho por terem dado aulas nocturnas de alfabetização numa casa particular.

- João Silva é preso por algumas horas e a sua casa sujeita a busca pela polícia.

1938 – José Lopes e  Francisco Guerreiro são presos por oito dias.

- João Silva e Francisco Guerreiro, igualmente presos, passam sucessivamente pelas cadeias do Governo Civil de Lisboa, Caxias e Peniche, sendo finalmente julgados em Tribunal Militar Especial.

1947 – Uma concentração e manifestação de todo o Algarve, organizado pelo MUDjuvenil, na mata de Bela Mandil, é dispersada e reprimida por forças policiais.

1949 – Sessão de esclarecimento da campanha de Norton de Matos é largamente participada pela população.

1952 – José Lopes, Francisco Gramacho e José Espanha são presos e sujeitos a tortura no Aljube e em Caxias.

1958 – Na sequência da “campanha eleitoral” de Humberto Delgado, Francisco Gramacho é preso pela 3ª vez e a sua casa e oficina sujeitas a buscas.

- Leandro Carromba é preso sujeito a tortura, tendo passado 16 meses nas cadeias de Olhão e do Aljube.

- Francisco Guerreiro é detido e interrogado, durante algumas horas.

1969 – Reunião preparatória da campanha eleitoral da CDE.

- Um grupo de jovens constituído em grande parte por raparigas, participa activamente na campanha eleitoral da CDE em diversos pontos do Algarve.

1974 – Numa reunião plenária realizada no COP, a seguir ao 25 de Abril, os moradores, presentes em grande número, elegem uma Comissão Administrativa da Junta de Freguesia.

Idalécio Soares – Gazeta de Pechão – Nº 4 / 1992

… eu acrescento , 1948, o ano em que o João Cachopa, marido da Idília, foi levado e apertado pela PIDE durante dois dias. Posteriormente, farto de um salário de miséria de ameaças e de pancada, juntou a família e os trapinhos e instalou-se definitivamente nos país das Pampas.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Danças Tradicionais

Sr. Pereirinha

Desde 1989 que o C.O.Pechão tem vindo a fazer o possível para colocar as danças tradicionais novamente em actividade. Tendo começado então com jovens entre os quinze e 20 anos. O grupo é, neste momento, predominantemente infantil (20 elementos com idades entre os 9 e os 15 anos). O grupo é ainda constituído, por dois jovens acordeonistas, assim como pelo Sr. Pereirinha conhecido músico local, tocador de bandolim, instrumento que ele próprio confeccionou.

Actualmente, os responsáveis pelo grupo são, além de mim própria, a Verónica e o João Filepe Norte. O João Filipe, como ensaiador, seguiu, assim, os passos do avô, o Sr. José Norte, durante muitos anos o único depositário desta tradição na Freguesia e a quem agradecemos a colaboração prestada desde o inicio.

Este ano, o grupo já fez várias actuações, nomeadamente, em Alte, Olhão e Faro, esperando-se que venha a fazer muitas mais na época do Verão.

Pretendemos, assim, mostrar as nossas tradições e fazer com que as crianças e os jovens da freguesia tomem gosto e conheçam as raízes da sua terra.

Isilda Moreno (Gazeta de Pechão – Nº1 – 1991)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

As rotinas da Ruca

Ares circunspectos, antevêem conversa séria na mesa do canto. Numa cadeira privilegiada frente ao televisor, olhos fixos, a mulher de meia-idade embevecida com o “Preço Certo”, enquanto a colega vai olhando para as mãos, e uma outra vai olhando para todos. Os habituais, encostados ao balcão mini na mão brilham felizes. Dois forasteiros de passagem ou paragem, rostos fechados, olham sorrateiramente enquanto bebericam um café. Ao fundo um rapaz olha para a sandes de queijo e para empregada, não sei quem ele cobiça. Um homem de rosto vincado pelas agruras do tempo come com sofreguidão uma tosta. O jantar vem tarde, ou não chega. Atenta a funcionária, relança um olhar controlador. Mais três minis? Café? Partidas e chegadas. Caminhos que divergem e convergem. Caminhos que se cruzam. É outro dia que passa. Amanhã voltam estes,... ou outros.

29/06/2008