sábado, 15 de fevereiro de 2014

Tem dias ...(1)


… em que sou atacada pela aquela ânsia parva que me leva a dizer sim, quando devia dizer, não. Ou, a falar, quando as circunstâncias aconselham o silêncio. Apenas, porque sim. Esta sucessão de derrotas contra os meus esqueletos amontoados no armário, deixam-me estarrecida . Num desconforto desalinhado, que se infiltra pelas frestas desta fragilidade incurável e me irriga as entranhas. Corroí e corroí. Engulo a angustia mas engasgo-me com o orgulho. Bato com a cabeça na parede. Arrependo-mo. Mas não aprendo.
  

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Acanhados


Não sei por que carga de água a minha neta me convidou para assistir ao jogo dos juniores. Mas desconfiou que enquanto eu olhava para o jogo em geral, ela olhava para um jogador em particular. A verdade é que o meu poder de análise e a minha capacidade crítica estão como a popularidade dos políticos, abaixo de cão. Mesmo assim, arrisco a dizer que notei alguma intranquilidade encoberta em muita qualidade individual, e uma autoconfiança como a minha reforma. Baixa. E vocês perguntam: “Ó velhota como é que chegou a essa conclusão?” São muitos anos a virar frangos. E um passe no espaço, quando devia ser no pé, um alívio para o desconhecido, quando existem linhas de passe, ou esperar atrás quando se justificava pressionar na frente, são como o algodão. Não enganam. O treinador percebeu, e a equipa soltou-se mais na segunda parte. O guarda-redes da primeira parte foi uma surpresa positiva e o da segunda, uma confirmação garantida. Escusado dizer que mal acabou o jogo, a minha neta mandou-me apanhar boleia e chegou às 3 da manhã. 


Jogo Pechão-Pedra Mourinha / Resultado – (3-3) Vitória do C.O. Pechão na marcação de grandes penalidades.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A excepção





Recortes gamados ao Paulo Murta
Já esgotei todos os adjectivos elogiosos à Ana, por isso, não os repito para não os vulgarizar. Quanto ao valor dela, estamos conversados. É legítimo, qualquer atleta sonhar ter melhores condições financeiras e de treino, treinadores de primeira água, câmaras de televisão, máquinas fotográficas e microfones à mão de semear, em suma, transferir-se para o centro do mundo onde tudo acontece, ou seja, representar um daqueles clubes que ganham campeonatos, taças, ou medalhas com a mesma facilidade com que o governo nos depena. 
O engraçado da questão é que a todos os convites ela chuta para canto, alguns insistem, mas a rapariga não está para ai virada. Desconheço a razão. Mas se ela não quer trocar uma vivência onde é idolatrada por lugar onde é apenas tolerada, se prefere viver em Pechão do que na Capital, se gosta mais de treinar pelas veredas da Charneca do que numa pista topo de gama, se acha que os conselhos do Murta são mais importantes que os métodos científicos de um treinador catedrático, se reconsidera estas e outras realidades, e não se importa da esquelética conta bancaria, então, Valha-me Céu Bendito! Curve-me perante a Deusa, e peço ao Murta para esteriliza-la antes de cada prova, não vá o vírus da ambição desmedida contagiá-la.