segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pechão hoje

Este post foi escrito em 12 Novembro de 2007, por isso, está desactualizado. Mas para enquadrar os comentários que foram feitos na altura, achei por bem não alterar uma vírgula. Assim, tentem relativizar os factos e inseri-los no tempo.

A chuva que teima em não cair. O Nicolau com o saco do lixo hermeticamente fechado acompanhado do fiel Tarantino, cumpre zelosamente as tarefas domésticas. Novo espaço de cirurgia estética - entra velha, sai nova, máquinas de lavar roupa, com mais anos de vida do que o fabricante desejaria. Na carpintaria do Laurentino, profissionalismo, dedicação, honestidade, a conjugação destes princípios é sinónimo de sucesso. As damas da noite da nora da Beinha, que nos inundou, e inebriou os sentidos no perfumado verão, a nova dama gerente do Mini Mercado Vale na mudança anunciada. Na drogaria escolhe-se um rosário de utensílios, sempre úteis, e indispensáveis, a Rosairinha Moleira com o portão entreaberto espera e desespera pelos seus. Na espingardaria discute-se estusiasticamente a caça ou a falta dela. Sopram as últimas cinzas do emblemático café do José Arlindo, espaço de referência dos nossos afectos. O C.O. Pechão, umas vezes moribundo, outras cheias de vitalidade, mas sempre vivo, nesta relação simbiótica com os mais fervorosos e, estranha aos olhos alheios. A Aldomira com o seu canteiro de rosas desabrochadas em tom desmaiado, que é o que acontece ao Carlinhos, se não parar de beber. Na Pastelaria Ruca vem o cheiro a fatias e, o frio que chega de mansinho. O Assunção e o Elias fazem piadas. Todos se riem. O tempo que passa tão depressa, e nós ainda por cá.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pechão ontem

A azáfama diária começava cedo. Vidas cheias, preenchidas de utilidades obrigatórias ou pequenos nadas. Numa parte do cérebro ainda activo, está guardado a memória de uma época dura, mas, simultaneamente tranquila. A vida era cruel porque não nos proporcionava opções melhores. Trajectos e rotinas que renovávamos diariamente - um quarto de banha na Tia Anica Moleira, um pacote de açúcar amarelo e dois colchetes na Sra. Raminhas, meio litro de azeite na Bia Espanha, contas feitas de cabeça ou no papel cinzento.Um desconforto para as meninas naquele paraíso de homens. A coscuvilhice dos mexericos e aquela sedutora sensação de familiaridade, que encombre defeitos e virtudes. Pontos de encontro e lugares de acção não faltavam - José Serafim o sapateiro das meias - solas,  Sr. Costa o alfaiate, num constante baixa a bainha, sobe a bainha, José Espanha incansável, mas cansado da sua carpintaria, o barbeiro Joaquim Abel e seus coloridos pássaros, o albardeiro, João Russo e a oficina de bicicletas. Uma palavrinha afável ao sempre bem disposto Chico Carpinteiro, o Mestre Guerreiro sempre mais comedido, mas sempre uma grande cumplicidade entre ambos. Uma chalaça ao Mestre Emídio e ao Tio Rufino numa perfeita harmonia. E quando a fome apertava, o Tio Pardal sempre disponível a untar com azeite um naco de pão. Eram os trajectos que nos faziam sentir bem e, vivos.

08/09/2007

terça-feira, 17 de maio de 2011

Torneio Primavera


É notória a aposta da Direcção do Clube na consolidação do Futsal. Depois da ascensão dos graúdos a um patamar superior, também os miúdos vão semeando pequenas pérolas para mais tarde recolherem. Salta à vista e a bola para dentro das balizas adversárias que, as equipas estão moldadas ao carácter e impregnadas dos conhecimentos do treinador. Apesar de esforçar-se por evitar a via - láctea é a estrela mais cintilante.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pechão 2 - Louletano 5 (meia - final taça do Algarve)


                             Enviado por um anónimo

Foi uma jogatana e peras, aquela primeira parte a fazer lembrar tempos antigos. Emoção e apoio dos espectadores, concentração e rigor dos jogadores, mas, sobretudo, muita alma entre todos. Trinta minutos a roçar a perfeição, que nem o mais o crédulo imaginaria. Porém, perante as trocas ao intervalo tudo mudou. Ou, no segundo tempo, o Louletano foi mais forte porque o Pechão foi mais fraco, ou o Pechão continuou forte, mas, o conceito de “forte” para o Louletano é substancialmente superior. O que é natural, face ao poderio financeiro e à diferença de intensidade competitiva da 2ª divisão distrital ante a 2ª nacional. Argumentos irredutíveis e férteis para a resignação. Mas lá que estivemos a meia hora de tocar o céu, lá isso estivemos. Foi uma noite boa para o Clube, e um sinal de pujança para o Futsal. Mas, o que eu gostava mesmo de trocar, era o local dos jogos, de Olhão para Pechão e os calções dos jogadores, de amarelo para branco.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O carteiro

O primeiro carteiro a chegar a Pechão foi uma mulher. Outros seguiram-se. Vinham a pé, depois de bicicleta a pedal e evoluíram para motorizada. Com sol, chuva ou frio, saco de calhamaço às costas, traziam consigo a alegria das boas notícias, a angústia das más, mas, essencialmente eram os mensageiros pelo qual esperávamos e desesperávamos. Ao domicílio batiam à porta e quando não estava ninguém, iam ao fim do mundo para entregar a carta ao destinatário. Conheciam e reconheciam as caligrafias. O coração apertado pelas notícias do Ultramar, a carta perfumada, ou duas gotas de lágrimas a carimbarem um amor eterno. Olhavam para o remetente e pelo brilho dos olhos ou pelo tamanho do sorriso, antecipavam as boas ou más noticias. Deixavam o correio na Sra. Raminhas, mais tarde na Celeste, depois a Bia do Assunção, posteriormente a Betinha, ainda na Lucília e por fim na Beinha.

Perdeu-se o hábito de escrever, hoje o carteiro despeja as cartas do telefone, da luz e, de algum banco a fazer-nos lembrar que o dinheiro é pouco. Sem o ar romântico de outrora, poucas vezes o encontro. E quando o vejo, a única expressão que lhe reconheço, é a tremenda pressa que tem em pisgar-se.

Recomendação

Por motivos que desconheço, ou seja, por ignorância informática, fiquei sem acesso à caixa de correio do blogue. Alguma mensagem que queiram enviar podem fazê-lo para: arlapapechao@hotmail.com