"O Pacificador"
"Solicitou a “Arlapa Maria” algumas informações relevantes da minha passagem pela direcção do COP na qualidade de presidente. Informações, informações, não tenho assim muito de especial ou relevante. No entanto posso contar-lhe uma “estória”, por sinal bastante desagradável, e que, se verificar nela algum interesse, pode-a publicar.
Poucos conhecem este episódio e, desses poucos, alguns até, possivelmente, já o esqueceram. Fui presidente do COP no ano de 1982, numa época difícil e ingrata, com muitos resquícios do período quente do pós 25 de Abril. A minha equipa, bastante heterogénea e muito jovem, procurou, e penso que conseguiu, apesar de tudo, criar uma nova dinâmica nos destinos do COP.
Desse mandato guardo boas e más recordações, mas sobretudo três casos que recordo como se tivessem acontecido ontem. Um, mais pessoal e bastante desagradável, envolvendo membros da direcção; outro bastante caricato e hilariante; finalmente o terceiro, com prejuízo para a colectividade, e que teve tanto de ingénuo como de perverso. É deste último que vos quero falar.
Nesse ano, a Festa de Pechão, foi organizada por uma equipa alargada e multi-facetada, com pessoal do COP e da Comissão de Festas da Paróquia de Pechão. Para além do Sr. Padre, faziam parte da comissão, a direcção do COP, representada pelo presidente e vice-presidente, e mais dois membros da igreja.
Como se devem lembrar (os menos jovens), as mesas e cadeiras eram alugadas. Pagava-se um tanto por cada unidade, ia-mos busca-las à sexta-feira e devolve-las na segunda. Nesse ano resolvemos inovar e investir no futuro. Contactamos o Sr. Manuel Estevão ( já falecido), acertamos o preço e adquirimos material novo, que estaria sempre disponível para a festa, nesse e nos anos seguintes.
A festa, propriamente dita, não correu muito bem. A escolha dos artistas revelou-se inadequada, as entradas insuficientes e até o tempo não ajudou, pelo que, contas feitas, sobrou meia dúzia de escudos.
Foi precisamente nas contas que surgiu a trapalhada. Reunimos a Comissão, o COP pagou isto e mais aquilo, a Igreja pagou aquele outro, falta pagar a fulano e há este dinheiro para repartir. Papéis em cima da mesa, contas à vista, tudo certo, compreendido e aceite pelas partes. Como se costuma dizer “certinho e direitinho!”
Mas também tudo feito na base da confiança e amizade entre as pessoas, não houve documentos, digamos que oficiais, passados e assinados.
Desse encontro de contas resultou que a Comissão Paroquial teria de acertar contas e pagar ao Sr. Manuel Estevão. Nós descansamos sobre o assunto, continuamos o trabalho no clube, mas passados alguns meses, fomos confrontados pelo fornecedor com a falta de pagamento. Explicamos a situação; as suas contas ficaram por conta da Igreja! Bem, de cá para lá e de lá para cá, o certo é que o tempo passava e o homem não via a cor do dinheiro. O assunto virou conversa pública, foi tema de Assembleia Geral do COP e até de homilia na Missa Dominical.
Afinal, de que lado estava a razão? Quem estava equivocado? As contas estavam ou não correctas?
O problema só foi solucionado passados alguns anos. Por iniciativa do Sr. Cesário Brás, na época Presidente da Direcção (ou da Assembleia Geral), houve uma reunião na sede do clube, onde participou ele e outros elementos da direcção, eu, o Sr. Padre e o Sr. Manuel Estevão.
Felizmente para mim e para o clube, já nessa altura tinha por hábito guardar papéis. Lá fui ao baú das velharias e, para que não subsistissem mais dúvidas, voltei a colocar sobre a mesa os rascunhos com as contas e a demonstração dos resultados. Todos viram e puderam confirmar o que, no que me dizia respeito, era óbvio e correcto. O Clube Oriental de Pechão nada devia, pelo contrário, à instituição é que lhe era devido um pedido de desculpas, coisa que, diga-se de passagem, ali mesmo foi feito!
Nunca percebi o porquê da situação nem o seu arrastamento no tempo. Se havia dúvidas porque não vieram ter connosco? Ainda hoje não encontro explicação..."
Vladimiro Guerreiro
E eu, agradecida pela colaboração, encantada pela narrativa, e honrada pela visita. Afinal, são pequenos episódios como este que fazem a história do Clube. Esquecer, é aniquilá-lo, recordar, é dar-lhe vida. Contados na primeira pessoa, ilumina-o.
Poucos conhecem este episódio e, desses poucos, alguns até, possivelmente, já o esqueceram. Fui presidente do COP no ano de 1982, numa época difícil e ingrata, com muitos resquícios do período quente do pós 25 de Abril. A minha equipa, bastante heterogénea e muito jovem, procurou, e penso que conseguiu, apesar de tudo, criar uma nova dinâmica nos destinos do COP.
Desse mandato guardo boas e más recordações, mas sobretudo três casos que recordo como se tivessem acontecido ontem. Um, mais pessoal e bastante desagradável, envolvendo membros da direcção; outro bastante caricato e hilariante; finalmente o terceiro, com prejuízo para a colectividade, e que teve tanto de ingénuo como de perverso. É deste último que vos quero falar.
Nesse ano, a Festa de Pechão, foi organizada por uma equipa alargada e multi-facetada, com pessoal do COP e da Comissão de Festas da Paróquia de Pechão. Para além do Sr. Padre, faziam parte da comissão, a direcção do COP, representada pelo presidente e vice-presidente, e mais dois membros da igreja.
Como se devem lembrar (os menos jovens), as mesas e cadeiras eram alugadas. Pagava-se um tanto por cada unidade, ia-mos busca-las à sexta-feira e devolve-las na segunda. Nesse ano resolvemos inovar e investir no futuro. Contactamos o Sr. Manuel Estevão ( já falecido), acertamos o preço e adquirimos material novo, que estaria sempre disponível para a festa, nesse e nos anos seguintes.
A festa, propriamente dita, não correu muito bem. A escolha dos artistas revelou-se inadequada, as entradas insuficientes e até o tempo não ajudou, pelo que, contas feitas, sobrou meia dúzia de escudos.
Foi precisamente nas contas que surgiu a trapalhada. Reunimos a Comissão, o COP pagou isto e mais aquilo, a Igreja pagou aquele outro, falta pagar a fulano e há este dinheiro para repartir. Papéis em cima da mesa, contas à vista, tudo certo, compreendido e aceite pelas partes. Como se costuma dizer “certinho e direitinho!”
Mas também tudo feito na base da confiança e amizade entre as pessoas, não houve documentos, digamos que oficiais, passados e assinados.
Desse encontro de contas resultou que a Comissão Paroquial teria de acertar contas e pagar ao Sr. Manuel Estevão. Nós descansamos sobre o assunto, continuamos o trabalho no clube, mas passados alguns meses, fomos confrontados pelo fornecedor com a falta de pagamento. Explicamos a situação; as suas contas ficaram por conta da Igreja! Bem, de cá para lá e de lá para cá, o certo é que o tempo passava e o homem não via a cor do dinheiro. O assunto virou conversa pública, foi tema de Assembleia Geral do COP e até de homilia na Missa Dominical.
Afinal, de que lado estava a razão? Quem estava equivocado? As contas estavam ou não correctas?
O problema só foi solucionado passados alguns anos. Por iniciativa do Sr. Cesário Brás, na época Presidente da Direcção (ou da Assembleia Geral), houve uma reunião na sede do clube, onde participou ele e outros elementos da direcção, eu, o Sr. Padre e o Sr. Manuel Estevão.
Felizmente para mim e para o clube, já nessa altura tinha por hábito guardar papéis. Lá fui ao baú das velharias e, para que não subsistissem mais dúvidas, voltei a colocar sobre a mesa os rascunhos com as contas e a demonstração dos resultados. Todos viram e puderam confirmar o que, no que me dizia respeito, era óbvio e correcto. O Clube Oriental de Pechão nada devia, pelo contrário, à instituição é que lhe era devido um pedido de desculpas, coisa que, diga-se de passagem, ali mesmo foi feito!
Nunca percebi o porquê da situação nem o seu arrastamento no tempo. Se havia dúvidas porque não vieram ter connosco? Ainda hoje não encontro explicação..."
Vladimiro Guerreiro
E eu, agradecida pela colaboração, encantada pela narrativa, e honrada pela visita. Afinal, são pequenos episódios como este que fazem a história do Clube. Esquecer, é aniquilá-lo, recordar, é dar-lhe vida. Contados na primeira pessoa, ilumina-o.
só quem fazia alguma coisa era o vladimiro e o alcindo os outros tinham pouca experiencia
ResponderEliminarcalceteiro
È pena o Vladimiro não ser o candidato da CDU, agora que o Zeca está um pouco desgastado tinha grande hipotese de tirar a maioria ao PS. Gostava de vê-lo na Junta. È uma pessoa séria e competente.
ResponderEliminarCalceteiro, não sabes do que falas.
ResponderEliminarHavia nessa Direcção do Clube pessoas com tanta ou mais experiência que os citados.
A vontade de fazer por vezes é que não é muita.
Não se precisa de grande experiência pra se ser director ou presidente do Clube.
Há ou não vontade de se fazer.
The Citizen