sexta-feira, 5 de junho de 2009

Coerente até ao fim


Obrigada Vladimiro por nos revelares facetas menos conhecidas do teu pai. Transcrever o teu texto não é mais que a minha obrigação. Faço o que posso, mas é sempre pouco.

“Ah!, Vladimiro, nunca pensei que a velhice custasse tanto!”

Era desta forma que o meu pai manifestava o seu desencanto e angústia perante o avanço da idade e das maleitas a ela associadas.

Todos os dias ia visitar os meus velhotes, uma, duas ou três vezes, mas pelo menos ao fim do dia, era certo e sabido que nos encontrávamos para um pouco de conversa, mais de política e cultura geral com o meu pai, sobretudo da vida e labuta diária com a minha mãe. Um pouco de conversa e um jornal. Eu comprava-o de manhã, às vezes lia apenas os cabeçalhos e ao fim do dia passava-o para ele, numa cumplicidade rotineira ao longo de muitos anos. Quando o meu pai ia até Olhão, normalmente um dia por semana, para fazer algumas compras e conversar um pouco com os seus amigos da cidade, comprava ele o jornal (ou ofereciam-lhe, como era o caso do “Brisas do Sul”) e eu lia-o na noite.

Ao longo destes anos, pelas nossas mãos passaram muitos títulos, com maior assiduidade para o “Diário”, “Diário de Notícias”, “Público”, “Expresso” e “Avante”, um dia um, outro dia outro, mas sempre notícias frescas para ler e comentar.

O meu pai sabia ler e escrever bem, mas muito melhor sabia interpretar o que vinha nas entrelinhas, uma aprendizagem feita ao longo de muitos anos da ditadura fascista, nas páginas do “República”, “Diário de Lisboa” e no clandestino “Avante”. Às vezes ficava aborrecido e revoltado com as notícias, comentários e um certo tipo de jornalismo subserviente, parcial e balofo dos grandes meios de comunicação social.

“Ah!, Vladimiro, não basta ser velho se não ainda ter de aturar tanta mediocridade. Dá-me vontade pregar com isto tudo no lixo!”

Mas no outro dia voltava de novo aos jornais e aos recortes dos artigos mais interessantes, às vezes com anotações feitas nas margens do papel. O apelo daquelas folhas era mais forte do que a sua desilusão e amargura…

Tudo isto durou até pouco tempo antes da sua morte, apenas nos últimos quatro ou cinco dias dispensou a leitura dos jornais. O meu pai manteve-se perfeitamente consciente da sua situação até à partida para a última viagem, inclusive foi pelo seu próprio pé, amparado no meu ombro, para a ambulância que o transportou até ao hospital de Faro, onde terminou a sua vida perto das oito horas do dia 17 de Março de 2004. Falei com ele pela última vez às vinte e duas horas do dia anterior, estava calmo e consciente. Lembro-me que tinha os pés muito frios, a minha cunhada Isabel, que me acompanhou e possibilitou a visita, foi buscar uma pequena manta e embrulhou-a nos membros inferiores. Despediu-se de mim com um aperto de mão. Deve ter sido o seu último acto afectuoso!

Para além dos livros, moedas, documentos, apontamentos e poemas inéditos, esses recortes dos jornais, fazem parte do espólio que agora irá ficar disponível na internet, mais propriamente na Biblioteca Guerreiro, um trabalho dedicado, muito bem elaborado e sentido do seu neto mais novo, do meu filho Rui Guerreiro.

“Vladimiro, isto está quase no fim!”

É verdade, parece que ainda ouço estas palavras. O meu pai, o grande Francisco Guerreiro, manteve o discernimento e a consciência até ao fim dos seus dias. Mas também a determinação, o porte, as convicções e os ideais. Como ele estaria orgulhoso com esta iniciativa do seu neto!

Vladimiro Guerreiro

Texto e foto directamente da Biblioteca Guerreiro, ao seu dispor aqui.

19 comentários:

  1. Olá Vladimiro
    Foi com um enorme prazer que li atentamente tudo o que diz respeito ao seu pai, e apesar de não ter os mesmos ideais políticos que o seu pai, também nasci em Pechão e muito me orgulha pessoas com os valores do seu pai.
    Resta-nos todo o legado histórico que este homem invulgar nos deixou.
    Só quero dizer á D. Arlapa que sou filha de um senhor que veio de Faro e foi presidente do Clube Oriental de Pechão e que foi enfeitiçado por uma Maria da Encarnação e não por uma Francelina como foi dito.

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  2. As minhas desculpas e obrigada pela rectificação.

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  3. Olá.
    Eu tambem tive o prazer de privar com o amigo "Guerreirinho" e tambem eu apesar de não partilhar o seus ideais politicos admiro-o pela sua verticalidade como pessoa.
    Hoje fui votar, e ão pude deixar de constatar que as pessoas que estão nas mesas de voto ao longo dos anos são sempre os mesmos com pequenas alterações, mas até as pequenas alterações são efectuadas dentro do ambiente familiar dos menbros das mesas.
    Será que em pechão não mais ninguem capaz de fazer parte das mesas? Será que não mais ninguem disposto a abdicar de um dia de Domingo para estar nas mesas e receber 70 e tal euros por esse sacrificio?

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  4. Como Pechão é uma terra pequena se calhar não há mais ninguem habilitado a fazer esse serviço.

    xico esperto

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  5. Em todos os serviços devem haver profissionais,
    é o que defendo o nosso 1º não sei como ele ainda não implementou cursos de formação para esse efeito, já era tempo. Agora que somos um País a sério essas profissões especializadas teem que sr bem remuneradas.Não há muito tempo atrás, quando eramos mais pobrezinhos esse trabalho era todo de borla, agora é o que se vê, grandes papistas,o mal já se encontra generalizado.PEDELEQUE

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  6. "ze de pechao", "xico esperto" e "pedeleque" sabem o que é um EDITAL? sabem ler um EDITAL?

    ja que estao a falar, deviam de passar na junta de freguesia e iam ver la um edital dirigido a populaçao para essa mesma se inscrever e ser seleccionada para essa funçao nas mesas de voto. agora se sao um leque daqueles que so critica por criticar... ja é outra conversa, ou seja uma conversa d m......



    Miau

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  7. Deve ser como as excursões

    tita

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  8. Oh Bichano
    Então a maioria dos éditais sejam eles para vacinar os cães ou para distribuir cabazes de comida pelos carenciados ou ainda para outros efeitos que agora não me vem nenhum á cabeça são espalhados (afixados)em tudo quanto é placard pela freguesia; mas para ler esse o cidadão tem que possuir 1 sexto sentido que o leve a se deslocar á junta freguesia.

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  9. O miar do Bichano, desculpem o termo, é que é conversa de m...
    Vejam voc~es que até a primeira dama, que nunca esteve numa mesa de voto, agora lá estava, ea prima, e a cunhada e mais alguns que aparecem na ultima ceia.
    Se calhar o edital foi lido nessa altura.
    Não façam das pessoas parvas, tenham um pouco de vergonha e sejam mais comedidos nas atitudes que tomam.
    A continuar assim cada vez describilizam mais a politica e os politicos honestos, que ainda os há.

    The Citizen

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  10. Não me parece importante se A é familiar de B ou C. Desde que seja competente para o fazer tudo bem.Não discuto o edital nem as inscrições se é conforme a lei tudo bem.Na minha opinião deviam ser convidados os jovens e menos jovens de Pechão que estejam no desemprego e reunem condições para desempenhar essas funções. Ficava bem á junta e 75 euros dá jeito a quem não trabalha.
    Chicoparvo

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  11. O mensageiro do Senhor Presidente da Junta, o Zè de Pechão, pelos vistos será a única pessoa letrada na Freguesia para lêr um edital.
    Fica mal reacções desse tipo, nota-se que haverá um comprometimento de algo que se está a tentar esconder.
    Reacções dessas são reacções de quem tem alguma coisa a esconder.
    Daí, virem comentários pouco abonatórios para a pessoa do Senhor Presidente da Junta, que , suponho eu, nada terá a ver com o comentário do referido Zé de Pechão.
    As pessoa sabem, e quem se interessa sabe, onde estão os editais, sabe lêr os mesmos, poderá é têr dificuldade em interpertalos, o que é diferente de os saber lêr.
    Agora o que o comum do cidadão tem dificuldade em entender, é que ao ir votar ó lá vê nas mesas de voto, os amigos do Senhor Presidente da Junta.
    È isso que faz confusão ao comum cidadão.
    De certeza que não se po~e em causa os resultados da eleição, longe disso, mas pelos vistos será pelos 75 euros que vão receber e possivelmente mais uma jantarada paga pela Junta, como habitualmente.
    Como diz o anónimo Chicoparvo, o Senhor Presidente da Junta, que tanto zela pela Juventude, perdeu aqui uma boa oportunidade de ajudar essa mesma juventude.


    O Observador

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  12. Moce e ó Observador, mas será que tu sabes ler? Então donde é que tu foste abuscar a idea de que eu sou o mensageiro do Zéca?
    Primeiras: O Zéca na pecisa de mensageiro sele quiser dzer alguma cousa mesmo ele diz.
    Segundas o Zéca éra o ultimo a levantar este Problema.

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  13. Zé de Pechão, qual a razão de toda essa danadisse?
    Além de mensageiro também és advogado do Senhor Presidente da Junta?
    Desconhecia que que a Junta já tinha um Departamento Juridico.
    Fiquei agora sabenso Drº Zé de Pechão.

    Obrigado

    O Observador

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  14. Alguem me traduz o que o Observador me está querendo dizer. É que eu não consigo perceber, Primeiro atribui-me o papel de mensageiro do Zéca por eu levantar aqui 1 questão que no meu entender o Zéca deve ser a ultima pessoa a ver isso discutido, de seguida nem sei porque razão atribui-me o papel de causidico.

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  15. Eu até gostaria de saber pelo Zéca porque é que o tal édital só é afixado na junta?

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  16. Será que o Observador me está a confundir com o Bichano?

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  17. As minhas desculpas ao Zé de Pechão, na verdade eu queria era referir a figura ridicula do bichano miau.
    Queira aceitar as minhas sinceras desculpas.

    Obrigado

    O Observador

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  18. Desculpas aceites, pois eu já não estava a reconhecê-lo

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  19. .....senhores á força,mandadores sem lei
    Eles comem tudo,eles comem tudo e não deixam nada!
    PRIMEIRO O ÀGUIA ENCHE A BARRIGA,DEPOIS OS PEQUENOS ABUTRES COMEM OS RESTOS.

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