Foto - Danilo da Quinta
Foto datada de 1954, época de repressão, caracterizada aqui por dois resistentes temerários ao regime vigente de então, e que hoje respeitosamente figuram no altar das nossas memórias.
Editado em Dezembro 2007
O preto enastra-se por entre o negro da opressão e do obscurantismo. O branco define a ideia de luminosidade e liberdade.
Chico Carpinteiro com indumentária condicente, boina à banda, martelo na mão, ar circunspecto, quase sisudo, exprime o verdadeiro perfil do operário resistente. Símbolo do proletário na sua forma mais genuína.
Alcindo do Vale, jovem de sorriso inocente, revela-se assim, além e aquém, doutras realidades. Um figurante ocasional de um filme dramático.
Mestre Guerreiro, ar calmo, tranquilo, com uma imaculada camisa branca, numa subtil elegância em pose de galã dos anos 50. Assisado, partilha de certo por telepatia segredos e pensamentos intangíveis com o seu camarada Chico.
Foto datada de 1954, época de repressão, caracterizada aqui por dois resistentes temerários ao regime vigente de então, e que hoje respeitosamente figuram no altar das nossas memórias.
Editado em Dezembro 2007
Joe Berardo disse...
ResponderEliminarObrigado por não deixar cair no esquecimento, esses Homens que de forma altruísta sempre defenderam os ideais da liberdade.
16 de Dezembro de 2007 11:31
É sempre bom lembrar
ResponderEliminarParabéns ao Vladimiro e ao Rui pelo excelente trabalho que estão a realizar e á D. Arlapa pela originalidade com que comenta a foto.
ResponderEliminarMontanheiro de Pechão
Parabéms D. Arlapa, pela lembrança que me trás dos meus tempos de criança ao recordar a carpintaria do mestre Xico Carpinteiro e do Gerreirinho.
ResponderEliminarDuas pessoas com quem tive o prazer de privar ainda moço e dos quais bebi muitos ensinamentos.
Osvaldo Granja
Bons tempos que me sabe recordar em que aos sabados as vezes com muito calor ao enferrar as rodas dos carros, o mestre chico carpinteiro e o guerrerinho com a sua mestria dum verdadeiro cientista tratava das rodas dos carros eu e a sua filha Rosa tentava-mos arrefecer as chapas com uma latinha de agua as rodas dos carros já la vai alguns anos.além de na oficina ser uma autentica sala de leitura de jornais.
ResponderEliminarFernando Pessoa, hoje comemoraria 121 anos se fosse vivo, abaixo deixo este poéma, com o qual me identifico bastante:
ResponderEliminarSe depois de eu morrer
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro