segunda-feira, 2 de maio de 2011

O carteiro

O primeiro carteiro a chegar a Pechão foi uma mulher. Outros seguiram-se. Vinham a pé, depois de bicicleta a pedal e evoluíram para motorizada. Com sol, chuva ou frio, saco de calhamaço às costas, traziam consigo a alegria das boas notícias, a angústia das más, mas, essencialmente eram os mensageiros pelo qual esperávamos e desesperávamos. Ao domicílio batiam à porta e quando não estava ninguém, iam ao fim do mundo para entregar a carta ao destinatário. Conheciam e reconheciam as caligrafias. O coração apertado pelas notícias do Ultramar, a carta perfumada, ou duas gotas de lágrimas a carimbarem um amor eterno. Olhavam para o remetente e pelo brilho dos olhos ou pelo tamanho do sorriso, antecipavam as boas ou más noticias. Deixavam o correio na Sra. Raminhas, mais tarde na Celeste, depois a Bia do Assunção, posteriormente a Betinha, ainda na Lucília e por fim na Beinha.

Perdeu-se o hábito de escrever, hoje o carteiro despeja as cartas do telefone, da luz e, de algum banco a fazer-nos lembrar que o dinheiro é pouco. Sem o ar romântico de outrora, poucas vezes o encontro. E quando o vejo, a única expressão que lhe reconheço, é a tremenda pressa que tem em pisgar-se.

1 comentário:

  1. Já que nem a Dona Arlapa, nem o clube no seu site informa, a equipa do COP vai jogar sábado a meia-final da taça do algarve com o louletano às 21:30 horas

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