segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Veredas


 Existem as ocasionais, as dos outros e as nossas. Aquelas que construímos com os nossos passos. De ida e volta, uns mais rápidos, outros mais calmos, conforme a vontade e a urgência do momento. Tiramos o azimute, escolhemos e encolhemos o percurso, evitando obstáculos e mais demoras. É o nosso caminho em terra dos outros, feito de hábitos, ritmos e rotinas de anos e anos. Um dia a terra é lavrada. Desaparece -, mas, uma pegada e mais outra e num ápice vai ganhando a forma inicial. Temos o trajecto na memória, como as formigas de um carreiro. Fazem-nos falta, chega-se mais rápido ao destino que, quase sempre é a companhia dos nossos. Pontos de encontro, partilhados pelos mesmos rostos e as mesmas vozes. São os atalhos da memória, os carris do nosso contentamento.

28/09/2007

6 comentários:

  1. Pode ser a fotografia de uma vereda, mas cá p'ra mim, parece-se mais com um caminho pouco utilizado e mal tratado , como há muitos na Charneca, e arredores.
    28 de Setembro de 2007 15:48

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  2. e a vereda em que descíamos a terra do tio Virgílio íamos junto ao ribeiro saltávamos a "aberta" e estávamos no estádio viriato. era a vereda dos moços da bola. agora o pessoal vai de carro para o campo.
    28 de Setembro de 2007 17:45

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  3. Olá!Ti Arlapa. Será que no seu baú de surpresas não tem matéria para editar 1 post sobre o fenómeno que foi as matinés dançantes no COP aos domingos á tarde durante a década de 80 do século passado,

    28 de Setembro de 2007 22:07

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  4. Amiga clotilde

    Todas as veredas tem a sua história, a da foto começou nos finais do anos trinta, inicio dos quarenta, quando o José Guita (avô da Julinha), abriu a sua “Venda” . Para fazerem compras, e encurtar caminho as pessoas que moravam no outro lado, começaram a atravessar na partilha entre duas terras, e rapidamente a vereda foi tomando forma. Aproveitando esse percurso o pessoal que trabalhava em Bela Mandil começou a utiliza-lo, ganhado alguns quilómetros, e muito tempo, formando definitivamente uma vereda muito concorrida.
    Um dos proprietários não gostou muito e colocou, pedras, paus e espregueiras na passagem. Mas o povo, contornou e ignorou os obstáculos. Como deves calcular a confusão instalou-se, e foi necessária a intervenção do Regedor, Joaquim do Ângelo, que a muito custo conseguiu chegar a um acordo com os donos das terras. Assim, cada um doou um pouco de terra (não tenho a certeza, mas penso que foi meio, ou um metro) e a vereda ficou legalizada. Como deves calcular, rapidamente passou de vereda a caminho. O movimento era muito, até, os burros, e carroças de pequeno porte, aprenderam o caminho, e a vereda começou a alargar para lá do estabelecido, o que obrigou os donos a construírem um valado.
    Entretanto, a Venda fechou, o trabalho em Bela Mandil desapareceu, e os burros já não passa por lá.
    As motorizadas e os automóveis começaram a ser o principal meio de transporte, e o caminho sem movimento, mas com pedras, moitas e carrascos, ficou praticamente desactivado.
    Esta é a história, que começou por ser uma vereda muito solicitada, evolui para caminho concorrido, e regressou a vereda deserta e moribunda.
    No teu ponto de vista tens razão. Mas eu penso, que tu és dona de meia verdade, e se eu ficar com a outra meia... ficas aborrecida? Sabes, depois de velhos ficamos com o sentimento de partilha mais fortalecido.
    Um abraço
    29 de Setembro de 2007 16:44

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  5. Ai, ai ,ai, Arlapa! Que me deixaste toda partida com essa resposta tão pormenorizada. Temos que dividir a palha a coices, mas quais serão os caminhos rurais que não começaram assim? a diferença é que já não há memória da grande, grande maioria; e desse tens memória... e eu fiquei a saber qual o caminho, não o reconheci na fotografia
    30 de Setembro de 2007 23:24

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  6. Meus amigos
    A questão que hoje muitas vezes se põe é se será da responsabilidade da autarquia manter abertas essas veredas.
    No meu entender,não.
    Como a D. Arlapa muito bem diz, as veredas foram criadas para passagem de peões depois de acordos feitos com os proprietários dos terrenos, embora mediados pela figura do regedor.
    Como tal não existe sustentabilidade legal para que as mesmas sejam pertença publica.
    assim,não será da responsbilidade da junta a manutenção das mesmas.

    O Observador

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