segunda-feira, 11 de novembro de 2013

… e agora?



...quem trata da horta, do olival, das alfarrobeiras e das amendoeiras? Uma geração de agricultores que se esfarrapou de sol a sol para deixar um legado, ficou sem forças para erguer a enxada. Vivem num paradoxo; em novos, pujantes, esfarraparam-se para dar aos filhos aquilo que eles nunca tiveram: instrução e carreira. Em velhos, debilitados e vencidos pela idade, clamam por um sucessor. Os herdeiros procuraram outra forma de vida, longe do desconforto do campo e perto da comodidade de um emprego. Ficam com a herança mas não sabem o que fazer com ela. Os progenitores, resignados ao relógio da vida, mortificam-se ao ver as árvores de fruto ressequidas e as batatas greladas por semear, e, num último sinal de esperança, desfazem-se dos bens e do rendimento de uma vida. Ficam apenas com os olhos… para chorar.

2 comentários:

  1. Como sempre um lindo texto!
    Está toda uma vida de um agricultor retratada em poucas palavras.
    Parabéns mais uma vez!

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  2. Concordo com a vossa observação.
    Os mais novos enquanto houver dinheiro já compram tudo feito.
    Outros existem com a desculpa de não existir empregos vivem à custa da família e encostados às paredes e polir calçada.
    É velos aos montes por ai.

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