...quem trata da horta, do olival, das alfarrobeiras e das
amendoeiras? Uma geração de agricultores que se esfarrapou de sol a sol para
deixar um legado, ficou sem forças para erguer a enxada. Vivem num paradoxo; em
novos, pujantes, esfarraparam-se para dar aos filhos aquilo que eles nunca
tiveram: instrução e carreira. Em velhos, debilitados e vencidos pela idade,
clamam por um sucessor. Os herdeiros procuraram outra forma de vida, longe do
desconforto do campo e perto da comodidade de um emprego. Ficam com a herança
mas não sabem o que fazer com ela. Os progenitores, resignados ao relógio da
vida, mortificam-se ao ver as árvores de fruto ressequidas e as batatas greladas
por semear, e, num último sinal de esperança, desfazem-se dos bens e do
rendimento de uma vida. Ficam apenas com os olhos… para chorar.
Como sempre um lindo texto!
ResponderEliminarEstá toda uma vida de um agricultor retratada em poucas palavras.
Parabéns mais uma vez!
Concordo com a vossa observação.
ResponderEliminarOs mais novos enquanto houver dinheiro já compram tudo feito.
Outros existem com a desculpa de não existir empregos vivem à custa da família e encostados às paredes e polir calçada.
É velos aos montes por ai.