quarta-feira, 31 de julho de 2013

Mastro do Lamaceiro (1949)



                                                   Mastro do C.O.Pechão (2007)
Idealizado pela Pereira e coadjuvado pelas suas irmãs Idalina e Graciete. A novidade e a animação alastraram-se e num ápice a presença de algumas cachopas tornou-se um chamariz para os machos. Com destaque para o José Pé de Grão. Besuntado de brilhantina e com um reluzente dente de ouro iluminava qualquer coração solitário em lista de espera. Um verdadeiro galã, com direito a recepção de boas vindas: Arremesso de erva marcela e um coro feminino mais excitado que afinado.
Olha quem chegou aqui
Que era tão desejado
O menino José
Mais parece um cravo encarnado

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Alguém que me explique como se eu fosse muito burra o que se está a passar

As tropelias dos Socialistas

Os fregueses de Pechão sabem bem em que condições são que a farmácia saiu de lá, para ir para o Ria Shoping. Pois bem, agora o IFARMED pôs a concurso um posto em Pechão. O pressuroso presidente da Junta, que na altura nada fez, limitando-se a oferecer-se para ser um prestador de serviço ao seu camarada Mendes Segundo, agora resolveu oferecer os seus préstimos para conduzir a antiga directora da farmácia a encontrar um "sítio" onde pudesse instalar o no posto. Sabedor que a legislação obriga a um espaço com um mínimo de 100 m2, conduziu a senhora Segundo ao único espaço com essas dimensões, já que o outro existente era o da antiga farmácia. Quer dizer, a dita senhora ficando com o novo espaço, impede que haja mais alguém a poder candidatar-se. Os "socialistas" habituados à batota, gostam muito deste tipo de negócios ou porque estamos em pré-campanha e terá ali um potencial financiador. Os fregueses de Pechão irão perceber a manobra e irão penalizar o actual presidente da Junta e membro da lista. Estes "socialistas" nunca mais aprendem a trabalhar com lisura...

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Misteriosa


Paulo Salero e a sua hippie dos anos 60. 
 

A primeira, a mais espectacular e mais controversa actuação da Misteriosa. Festa de Pechão, 1949. Ninguém sabe de que planeta veio mas ninguém ficou indiferente a tanto glamour. Posse sedutora, lábios vermelhos, sensual, num elegante vestido verde alface cingido a uma cintura de vespa, ornado por uma pregadeira dourada em forma de pétalas salpicada de brilhantes. Uma provocação descarada para qualquer macho, mesmo em idade para ter juízo. 

No palco cai nos braços do José Canário (avô da Helena). Movimentos ritmados numa harmonia divina. Agarrados como siameses, olhos nos olhos numa química perfeita. Ela hipnotizada num arfar lânguido, rende-se. Submissa. Ele entusiasma-se em todo o seu esplendor. Um roçanso malicioso aqui, e um apertanço manhoso ali, desperta a testosterona que num ápice entra em ebulição. Enquanto um abrasamento descontrolado incita as mãos a afoitarem-se por curvas perigosas, um arquear convida a uma espreitadela no decote generoso. Um fino catalisador que sustenta a magia presa por fios em plena combustão. Constrangido sustem a respiração, mas o sangue geme de vontade e fervilha de desejo… e não resiste ao beijo.

Aplausos e mais aplausos de uma plateia enfeitiçada que sorri com olhos gulosos. Falatório e burburinho (ou seria ciúme?) do sector feminino mais conservador pela ousadia e devastação da moral pública. Para o Compadre Zé Canário bastou meia hora no céu a brincar à felicidade para expiar a dura cadência da enxada e os fortes safanões do arado.

Os amantes da Misteriosa: José Canário, Afonso Henriques, Candinho e Paulo Salero.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Atrocidades de um deus menor




É fácil descobrir as impressões digitais de quem nos impôs este pesadelo. Os motivos são os do costume: lealdade para com a pátria, a “ordem” e a fé. O despertar foi dramático: morreram mais de 8 mil homens e ficariam feridos ou incapacitados cerca de 100 mil portugueses.

Apesar do tempo ainda é um tema que nos despedaça o coração. São lágrimas que já secaram e um desgosto devidamente arquivado na tribuna da memória. Nunca esquecido. 

Pechão chorou pelos seus filhos: O Afonso veio de Moçambique carregado de nuvens negras sobre o futuro, em vez do arco - íris do costume. O Joãozinho e o Pacheco (filho adoptivo) tiveram um inesperado encontro com as vicissitudes da guerra e não sobreviveram. Ficaram lá para sempre. Longe da vista, mas tão perto do coração. Sem corpos para velar, nem orações para encomendar, os únicos vestígios desses momentos de horror são os aerogramas da morte. Famílias trespassadas. Uma imensa escuridão onde a felicidade não entra. Vítimas inocentes da ganância desmedida de um deus menor.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Poço da Amendoeira





A azáfama começava ao pôr-do-sol mas era ao entardecer que se adensava. Os jumentos, obedientes e pacientes. As albardas de palha. As peculiares cangalhas de madeira e os indispensáveis cântaros de barro. Braços fortes, fracos, mas sobretudo enfezados, manejavam com perícia cordas atadas a baldes de zinco num sobe e desce frenético. Esculpiam sulcos no gargalo do poço e embutiam esgares de sofrimento em feições enrugadas. Numa curiosa mistura de angústia e felicidade, praguejávamos com o burro, o tempo, o rame-rame e o raio da sina que nos havia de calhar. Desabafos em ajuntamentos de afecto que o tempo levou. Um vida a preto e branco.