segunda-feira, 8 de julho de 2013

Poço da Amendoeira





A azáfama começava ao pôr-do-sol mas era ao entardecer que se adensava. Os jumentos, obedientes e pacientes. As albardas de palha. As peculiares cangalhas de madeira e os indispensáveis cântaros de barro. Braços fortes, fracos, mas sobretudo enfezados, manejavam com perícia cordas atadas a baldes de zinco num sobe e desce frenético. Esculpiam sulcos no gargalo do poço e embutiam esgares de sofrimento em feições enrugadas. Numa curiosa mistura de angústia e felicidade, praguejávamos com o burro, o tempo, o rame-rame e o raio da sina que nos havia de calhar. Desabafos em ajuntamentos de afecto que o tempo levou. Um vida a preto e branco.

2 comentários:

  1. Desculpe D. Arlapa, mas a foto é do poço do Lagar.
    Em todo o caso, obrigado por nos fazer recordar outros tempos.

    Canal História

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