Paulo Salero e a sua hippie dos anos 60.
A primeira, a mais espectacular e mais controversa actuação da Misteriosa. Festa de Pechão, 1949. Ninguém sabe de que planeta veio mas ninguém ficou indiferente a tanto glamour. Posse sedutora, lábios vermelhos, sensual, num elegante vestido verde alface cingido a uma cintura de vespa, ornado por uma pregadeira dourada em forma de pétalas salpicada de brilhantes. Uma provocação descarada para qualquer macho, mesmo em idade para ter juízo.
No palco cai nos braços do José Canário (avô da Helena). Movimentos ritmados numa harmonia divina. Agarrados como siameses, olhos nos olhos numa química perfeita. Ela hipnotizada num arfar lânguido, rende-se. Submissa. Ele entusiasma-se em todo o seu esplendor. Um roçanso malicioso aqui, e um apertanço manhoso ali, desperta a testosterona que num ápice entra em ebulição. Enquanto um abrasamento descontrolado incita as mãos a afoitarem-se por curvas perigosas, um arquear convida a uma espreitadela no decote generoso. Um fino catalisador que sustenta a magia presa por fios em plena combustão. Constrangido sustem a respiração, mas o sangue geme de vontade e fervilha de desejo… e não resiste ao beijo.
Aplausos e mais aplausos de uma plateia enfeitiçada que sorri com olhos gulosos. Falatório e burburinho (ou seria ciúme?) do sector feminino mais conservador pela ousadia e devastação da moral pública. Para o Compadre Zé Canário bastou meia hora no céu a brincar à felicidade para expiar a dura cadência da enxada e os fortes safanões do arado.
Os amantes da Misteriosa: José Canário, Afonso Henriques, Candinho e Paulo Salero.
Também vai concorrer a junta?
ResponderEliminarvamos ter um presidente de junta preparado para bailar,com amusica que o zeca lhe vai dar até derrete as solas dos sapatos.
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