segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

João Corvinho

Sempre o conheci assim. De uma lisura desarmante. Vive na sua essência, sem excessos, nem artifícios, cultivando o culto da simplicidade. Discípulo leal de Martinho Lutero, responde às injúrias com paciência, à dor com o silêncio e, ao sofrimento com uma inquebrável e imutável fé. A fé das suas convicções. A sua riqueza é a virtude. Um anjo surgido em Pechão em 1963, que sempre conseguiu eximir-se das tentações tentadoras. Certamente, tem reservado um lugar no Paraíso.

26/06/2008

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ao entardecer

Mais um dia de trabalho que finda. Na Junta e no Banco mais cedo, um pouco mais tarde mas sempre com tolerância os Mini Mercados, Drogaria, e o Talho. Mais liberais a Carpintaria, Serralharia e Espingardaria. Fins de tarde para os que chegam e para os que partem, num ramerrame que a vida imprime. Gestos cansados, rostos aliviados e o desejo de regressar a casa. A família, os sorrisos, a alegria dos mais pequenos, e a nossa. O jantar e o juntar. Os maridos que dão uma mãozinha e os que são donos do comando da televisão. Lavar a loiça, arrumar a cozinha, uma meda de roupa para passar a ferro e a máquina de lavar a trabalhar. É uma apoquentação lavrada de felicidade. Cansados. O sono e as insónias. Amanhã é outro dia.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vassouradas

É sempre conveniente ter uma vassoura por perto. Grandes, médias ou pequenas. Varrem,para a pá, para a rua, ou para debaixo do tapete. Lixo ou incompetência, para onde der mais jeito. Se formos capazes disso.

10/05/2008

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Homenagem dos vivos aos que já não estão

"Para se chegar à freguesia do Pechão, basta seguir o vulto da igreja, que se vislumbra da EN125, por se encontrar no ponto mais alto da localidade, por entre as amendoeiras figueiras e laranjais.
No largo da igreja de onde se desfruta uma bela vista, que em dias claros se estende até às ilhas arenosas da Ria, para antes passar pelos verdes frescos dos campos e os brancos do casario, há uma pequena Capela de Ossos exterior, construída em oitocentos.
O tempo poliu os que lá estão e fez desaparecer outros tantos, retirando-lhe o sentido tétrico. O que permaneceu é a homenagem singela dos vivos aos que já não estão". Daqui.
 
Conceição Branco

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Tremor de terra e temor na sala


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Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 1969. Faz hoje 42 anos. Noite de filme português na televisão. Os adereços alusivos ao Carnaval suspensos na sala do C. O. Pechão, formavam um halo gigante sobre os bancos apinhados de sócios e de entusiasmo. As gargalhadas provocadas pelo Vasco Santana e o Ribeirinho faziam prever uma noite perfeita.

De repente, tudo se alterou, as serpentinas começaram a enrolar-se, os balões a estrebucharem e os bancos a tremerem. A Senhorinha, esposa do Manuel Caiador, desmaiou ao constatar o sismo. O descontrolo contagiou-se e o pânico instalou-se. No meio da agitação, emergiu o director de serviço, José Nunes. Escudado no seu porte e poder atlético, contornou os obstáculos, deu um safanão no medo e foi o primeiro a pôr-se a salvo. Para depois, junto à porta de saída, desimpedir e ordeiramente ajudar os sócios a sair.

Era noite e fazia frio. Temendo a má sorte e em semblante funesto, o regresso a casa fez-se com o coração nas mãos, a oração entre dentes e o pensamento nos ausentes.


domingo, 13 de fevereiro de 2011

O 23


Resistiu, insistiu e desistiu. Mas não caiu. Admiro a persistência e o arrojo de quem à partida não corre para a classificação. Olho para o 23 e, nas suas passadas serenas e lânguidas, adivinho a alegria manhosa com que olha para o asfalto e o sorriso que esboça cada vez que é ultrapassado. A deitar os bofes pela boca é, a bondade e a doçura dos olhos que lhe aplacam a recusa das pernas a terminar a prova. O esgotamento físico parece ser o seu companheiro inevitável. E indesejável. Depois, em momento de introspecção, temos acesso à sua intimidade que revela qualquer coisa de mágico e sublime. A sua simplicidade. Talvez seja efeitos do ar do campo, ou, grandeza de carácter.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Veredas


 Existem as ocasionais, as dos outros e as nossas. Aquelas que construímos com os nossos passos. De ida e volta, uns mais rápidos, outros mais calmos, conforme a vontade e a urgência do momento. Tiramos o azimute, escolhemos e encolhemos o percurso, evitando obstáculos e mais demoras. É o nosso caminho em terra dos outros, feito de hábitos, ritmos e rotinas de anos e anos. Um dia a terra é lavrada. Desaparece -, mas, uma pegada e mais outra e num ápice vai ganhando a forma inicial. Temos o trajecto na memória, como as formigas de um carreiro. Fazem-nos falta, chega-se mais rápido ao destino que, quase sempre é a companhia dos nossos. Pontos de encontro, partilhados pelos mesmos rostos e as mesmas vozes. São os atalhos da memória, os carris do nosso contentamento.

28/09/2007

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

“Tulipa Negra e Pequena Flor de Jasmim”

A Junta de Freguesia de Pechão inaugura já no próximo sábado, 5 de Fevereiro, às 21,30h, no edifício sede, uma exposição de pintura intitulada “Tulipa Negra e Pequena Flor de Jasmim”, de Ana Martins. (...)
A exposição ficará patente ao público até 25 Fevereiro e poderá ser visitada de segunda a sexta das 9,00h às 12,30h e das 14,00h às 17,00h.Mais detalhes aqui.