sábado, 29 de junho de 2013

64º Aniversário do C. O. Pechão


 
Aviso – Quem não for sócio do C.O.P. aconselho ir navegar por outros mares, porque neste desabafo não vai pescar nada de interessante.

Foi o discurso mais comovedor que o Presidente da Junta proferiu num Aniversário do Clube. O político e  cerebral Custódio Moreno ficou em casa a preparar a lista do PS para a Freguesia nas próximas Autárquicas. No seu lugar apareceu o Zeca. Despido de palavras de ocasião e discursos de plástico,  o Sócio que se contorce nas derrotas e vibra nas vitórias do Atletismo porque ainda não cortou o cordão umbilical, ligou o coração à boca, e inundou a sala com carradas de fervor  embaladas em paletes de afeto e, até eu, cheguei a morder o lábio e tive dificuldade em controlar uma lágrima atrevida. Porra pá! Onde andaste estes anos todos ?

Após 64 anos, foi a primeira vez que um  Presidente do Clube não discursou num aniversário. Prescindiu do microfone, da folha A4 formatada ao centro, com as pausas e ênfases sublinhados e renunciou ás cabulas milagrosas. Em vez de treinar ao espelho os gestos para elevar a oratória, optou por conversar com os associados, numa atmosfera informal, dizendo o que lhe ia na alma, as mãos  nos bolsos, a piada habitual, como se estivesse sentado na antiga parede do Zé da Quinta em frente ao Clube, ou no café  rodeado de amigos. Uma candura que desarma qualquer argumento. Ontem foi de uma simplicidade sublime que me parecia flutuar alguns metros acima do solo, onde nós pobres pecadores patinhava-mos. Parece que foi esventrado  e lhe colocaram um chip de amor eterno na raiz do coração. Já era assim quando tinha 10 anos, levava pontapés no cú  por se meter em assuntos de adultos. Era comer e calar. Não era Patrão?
 Tal como  antigamente de vez em quando, em nome do amor e da estabilidade ainda engole um camião TIR carregado de sapos, para alimentar egos insaciáveis.  E não me venham com essas merdas do Osvaldo isto, ou aquilo porque … apesar de velha ainda sei distinguir perfeitamente um bouquet de flores naturais de um  artificial.
O Clube pode não ter atividades durante a época ou estar moribundo, mas no dia do aniversário  estão sempre presentes  os sócios que pertencem ao grupo sanguíneo cop.(+). É como o almoço anual dos militares que estiveram no ultramar. Passado décadas e mesmo sem armas nem guerra juntam-se todos os anos. Faz parte do ADN.
Há mais para dizer  mas vou ficar por aqui, porque o bolo de aniversário tinha mais açúcar que o numero de vezes que foi prometida a requalificação da  zona ribeirinha, e além disso os diabetes estão assanhados e estou a ficar almareada.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Apressar o fim


 
«Um terço dos doentes com mais de 65 anos deixou de tomar medicamentos ou toma-os de forma mais espaçada por não ter dinheiro para os comprar.
Outros 30% dos portugueses reduziram as idas ao médico por causa do custo das taxas moderadoras. A conclusão é do relatório Observatório Português dos Sistemas de Saúde.» Aqui.

Sempre pensei que a politica e o humanismo podiam coabitar. Afinal estava enganada. Esta noticia expõe o que de pior têm os governantes. Insensibilidade. Os medicamentos são tão imprescindíveis para os idosos como o pão para a boca, e os médicos funcionam como uma ponte de esperança que separa a vida da morte. Retirar-lhes isto, é como ir  progressivamente reduzindo  o oxigénio a um doente, apressar o inevitável.
 Enquanto somos ativos e contribuintes o Estado suga-nos até ao tutano em impostos deixando-nos  a pão e água, para depois quando aposentados, frágeis e vulneráveis, tira-nos o pão e empurra-nos da ponte.
 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Olhanense SAD

                             Foto e legenda enviada por um leitor não identificado.

A Liga obriga os Clubes a transformarem-se em sociedades desportivas, mas não liga à realidade nem às especificidades de cada um. A criação da SAD não é a resolução para todos os problemas, porque algumas feridas estão longe de se encontrarem cicatrizadas. Entretando sopra uma desconfiança hostil enquanto se engole a angústia. A malta sofre.
Coube aos Sócios escolherem o modelo de sociedade mas confrontados com uma inevitabilidade, reagiram como o Adão, quando a Eva lhe perguntou: gostas de mim? Ele, encolhendo os ombros respondeu: e eu tenho escolha?
Neste momento o Olhanense, para os Sócios, é como ver uma filha a estrebuchar num mar de dúvidas e incertezas, ancorada numa bóia de dívidas forrada de hipotecas.
A salvação, é seduzir e casar com um ricaço estrangeiro que pague os calotes e investa no futuro, porque o amor vem depois. Um herói.
Rezo para que a bola entre na baliza e sejam felizes para sempre, porque se bate no poste; o amor vira ódio, o herói sai como vilão, e a filha fica novamente disponível. Só espero que da próxima vez tenha mais opções de escolha que o Adão.

domingo, 9 de junho de 2013

O tempo não apaga tudo. (nem as pequenas coisas)


Desde a sua construção engracei com este pequeno oásis verde no centro da Freguesia. Passado pouco tempo apanhei uma imprevista desilusão. O canteiro fora destruído e substituído por um espaço para estacionar carros. Quem autorizou? Quem desautorizou? Promessas esquecidas que perderam a validade?

Nunca soube a verdadeira razão para uma decisão tão abrupta, mas creio que seja território inacessível à minha compreensão. Fica esta estranha forma de actuar de quem tem o poder de decidir: Demasiado fortes com os fracos, e estranhamente submissos perante os poderosos.

domingo, 2 de junho de 2013

Os dilemas da Direcção do C.O.P (3)

 Festa de Pechão (1977) - No palco:Evalinda, Osvaldo, Francisco Fanhais e Zeca Afonso.
 
Para a Festa de Pechão, deve a Direcção continuar a contratar artistas sem expressão no panorama musical Português?
Sócio A – Sim. Bons artistas obrigam a um aumento do preço das entradas, e em função da chaga social actual não é uma medida aconselhável. Com artistas famosos ou desconhecidos a Festa é sempre a Festa e o resultado das últimas têm-no demonstrado. Nem o Clube nem os Directores estão preparados para um eventual trambolho financeiro. Risco zero. Não vão as coisas dar para o torto ou S. Pedro pregar-nos uma partida.  
Sócio B – Não. Escudando-se no fado da austeridade, (que ás vezes dá muito jeito) temos levado com os “artistas” que fazem sucesso no mastro do Azinheiro. Parece que o objectivo é apenas cobrar entradas e vender cerveja. A mediocridade nunca gerou sucesso. Um artista de renome arrasta mais pessoas, logo; mais entradas e mais consumo é igual a mais receitas, adicionando a visibilidade, é igual a mais prestígio para o Clube e para Freguesia.