quinta-feira, 25 de abril de 2013

O que resta de Abril

Chico Carpinteiro, Alcindo Vale, Francisco Guerreiro
 
Passados 39 anos, fica a nostalgia de um tempo de ilusões colectivas e causas vividas até ao limite. Com o passar do tempo, foram afogando os ideais e afundando as convicções num mar de ambições, desvirtuando e atraiçoando a génese do 25 de Abril. Apesar de tudo, ainda subsiste o essencial: a liberdade. Difícil de explicar (aos jovens) quando ela existe, mas mais  difícil de compreender e aceitar a quem se viu privada dela.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Para: Luis Barradas

 
Caro Mister
 
Perdoou-me o atrevimento, mas sou uma velha triste, melancólica, e comove-mo quando vejo o nome do C. O. Pechão nos cabeçalhos. Aquece-me a alma.
É uma verdade elementar. O que tem feito pelo Pechão não passa desapercebido a ninguém. A principal qualidade da paixão é a força, e essa é a sua principal arma. O êxito que temos tido, não é gratuito muito menos fortuito, mas fruto das suas ideias bem delineadas e sabiamente operacionalizadas.
 
Todos assumiram que o objectivo da equipa era fazer um campeonato calmo e tranquilo, você não esteve de acordo e brindou-nos com jogos vibrantes e excitantes. Uma classificação a meio da tabela era a previsão, não se conformou, e deu-nos o pódio. Levantou o rabo do sofá a muitos cépticos e trouxe-os ao Pavilhão. Aos sarcásticos que criticavam a existência de demasiada juventude no plantel, demonstrou-lhes que a qualidade não tem cartão de cidadão. Aos atletas dizia-se que eram vulgares, qual feiticeiro, transformou-os em heróis.

Normalmente os treinadores são remunerados, você paga do seu bolso para treinar. Não o compare à Madre Teresa porque ela deu o seu apoio ao regime do ditador Duvalier, no Haiti, e não quero ofendê-lo.

Sei que entrou na vida do Pechão por acaso, mas não é por acaso que se mantêm sem data para sair. O meu desejo é que o Clube renove o seu contrato por mais 99 anos, sem cláusula de rescisão e com direito de preferência por mais 50 anos. É muito? Não. É apenas o desejo de continuar perto de nós.

 Suponho, que tal como a maioria dos jovens detesta beijos de velhas, mas não pude evitar, e já lhe enviei um, deve estar neste momento a sobrevoar Bela-Curral.

Carinhosamente
Tia Arlapa


domingo, 21 de abril de 2013

Perdulários





Uma parte para controlar a outra para deslumbrar. Começaram seguros a defender e não correram riscos a atacar. Uma boa estratégia para serenar a ansiedade e injectar confiança. Ao intervalo, o treinador fez uma substituição que se revelou fundamental; saiu o calculismo para entrar a alma. A equipa fez uma 2ª parte notável. Controlou o jogo, acelerou a preceito e temporizou com critério, tudo em alta rotação e a funcionar harmonicamente. Mas, de tantas tarefas que tinha por fazer, esqueceu-se de uma: a password que abria a baliza do Farense. Ainda com o resultado em branco, o Pechão esbanjou oportunidades de golo mais que suficientes para chegar ao céu. Teve tudo, menos eficácia. Apenas quando o relógio se aliou ao adversário, e o Márcio controlou o sistema nervoso se lembrou que “determinação” era a palavra - chave. Tarde, mas a tempo de ressuscitar. O empate a um minuto do fim, e empurrada por uma torrente de entusiamo fazia prever um prolongamento merecido. Pena que no último suspiro do relógio, o fantasma da desconcentração tenha ensombrado a equipa. Uma final agridoce, que nos deixa água na boca para a próxima época

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Não há amor como o segundo










A equipa correu, foi agressiva, bateu-se olhos nos olhos, a organização e o modelo de jogo estiveram presentes, e os jogadores deram tudo. Então o que falhou perguntam vocês?
A superação. Essa arma que tem sido a imagem de marca da equipa. Disputar a 1ª Final na curta carreira de um jovem jogador, é como a primeira paixão. A ansiedade, a excitação e o medo de falhar, aumentam o ritmo cardíaco mas retiram discernimento e lucidez.
Nada melhor que a segunda vez, pois graças aos erros que cometeste na primeira, podes, analisar, corrigir, e preparares-te para melhorar a tua performance. Ah! E as claques não marcam golos.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Claques Femininas


Campo do Viriato (1962). Foto enviada pelo Danilo.

Apesar de passarem nove anos a claque colorida continua jovem e activa. É a foto tirada no tempo em que não havia luz eléctrica, nem água canalizada que suscita mais curiosidade. 

Um perfeito quebra-cabeças reconhecer estas ilustres adeptas. Um teste complicado à minha memória coberta de bolor e enredada de teias de aranha.

A Luísa Marcos, fogosa, com óculos escuros e penteado à Brigitte Bardot; com o cabelo apanhado, e sorriso cândido a Idalinda Cadeiras; posse confiante, colar a condizer e franja da moda a Maria Francelina; no ponto mais alto, toda janota, com penteado à Madalena Inglésias parece-me a Helena Canário; comedida e compenetrada a Maria Celeste esforça-se para não se fazer notar. Elegante, com uma finíssima saia plissada, a Aniceta; a menina do chapéu branco e de tranças, suponho que é à Custódia Marcos, ao lado, presumo que seja a Valentina Pé de Grão, com indumentária mais apropriada para a catequese do que para um jogo de futebol. As meninas, ainda consigo discernir. Os meninos, que hoje serão uns cinquentões, por muito que agite a minha cachimónia, não chego lá, só suposições. Mas o meu preferido é o que está no lado esquerdo, emboscado na sombra, assustado com a máquina fotográfica.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

15 minutos de glória







Depois da expulsão de um jogador do M. Alvorense e da invasão da chuva no Pavilhão, o jogo recomeçou como tinha sido interrompido - o Pechão em superioridade numérica a procurar o golo. Se a estratégia era boa, melhor ficou depois do André finalizar uma transição perfeita. Assim, começou a jogar como mais gosta: 1ª e 2ª linha próximas, cortar linhas de passe, atitude agressiva, e transições ofensivas em alta voltagem. 
Em desvantagem, com tempo a escassear e o resultado a avolumar, o treinador adversário mandou avançar o Guarda - Redes e abrir a baliza. Um doce para a boa organização defensiva, e uma tentação para o tiro ao alvo dos jogadores do Pechão.

Estranhamente e injustificadamente, aqui e ali, notaram-se alguns sinais de ansiedade e tomadas de decisão precipitadas. Provavelmente alguém descurou o treino invisível. Apenas um detalhe, numa vitória limpinha e saborosa da melhor equipa.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Porta Fechada




Mais um contratempo na minha rotina. Depois da Farmácia e da Caixa Agrícola, hoje fechou o Supermercado. Resta-me a Celeste para comprar a paparoca. A Olhão, vou trocar o Vale da minha esquelética reforma e comprar as doses para o colesterol e a tensão. Uma canseira e uma apoquentação para quem os anos roubam as forças e baralham o juízo.